O mar das Caraíbas é conhecido pelas suas cores turquesa, beleza natural e navegação segura e acessível. Mas depois de um ano a navegar nas concorridas águas das Antilhas, tinha chegado a altura de explorar zonas mais remotas e menos procuradas pelos velejadores que por aqui passam.

Assim saímos das BVI com destino a Turks and Caicos. Pelo caminho passamos pela zona mais profunda do Oceano Atlântico, com mais de 8.500m de profundidade. Foram quatro dias de travessia, bem tranquilos e a favor do vento.

A primeira impressão ao chegar a Grand Turk foi: estamos por nossa conta! Não havia um único velejador, apenas alguns barcos de pescadores e outros para visitas turísticas. Mesmo assim na manhã seguinte acordámos com 3 mega cruzeiros no ancoradouro ao nosso lado, cada um com capacidade para mais de 5000 pessoas. Foi um choque.

Cockburn Town, é a “cidade” principal. Muito bonita e fotogénica. Virada para um cenário incrível de mar azul e recifes de coral, com um lago de sal no interior e alguns edifícios históricos bem bonitos. Vale a pena uma visita.

Os primeiros dias foram passados a explorar as pequenas ilhas a sul da Grand Turk. A ideia era tentar encontrar os grupos de baleias de bossa que por esta altura do ano atravessam estas águas.

Começamos por Cotton Cay, uma ilha desabitada com algumas ruínas e um lago de sal quase seco. Depois Big Sand Cay, uma reserva de vida selvagem marinha, também desabitada e de uma beleza única. Baleias nem vê-las.

25 milhas para leste e estávamos nas Caicos, que inclui o enorme Caicos Bank. Aí explorámos a Long Cay, que tem sido alvo de um projeto de repovoamento de iguanas.

Atravessar num dia as 45 milhas de água turquesa do Caicos Bank, com profundidade máxima de 4m foi uma experiência nova para o El Caracol. Sempre atentos aos pequenos cabeços de coral que surgiam como manchas mais escuras. Uma decisão à última da hora para irmos dormir a French Cay (em vez de irmos para a capital Providenciales) fez toda a diferença para a aventura que tem sido esta viagem.

Um snorkel num navio afundado, perto do local onde estávamos ancorados, abriu o mote para o 1º dia de Primavera de 2016. De seguida estávamos prontos para ir explorar o Moulasses Reef, em cima do drop off e com potencial para ver bicharada grande.

E mal sabíamos que a bicharada ía ser mesmo grande! Lá bem ao fundo começamos por avistar repuxos de baleias e fomo-nos aproximando lentamente, até que percebemos que estávamos no mesmo rumo. Não tivemos muito tempo para pensar... a oportunidade estava ali à nossa frente. “Rápido”, disse o Capitaine, “Equipem-se com as barbatanas, óculos, máquinas, vamos saltar para a água!”. O tempo parou, e tudo aconteceu. À vez foi um dos papás com a miudagem. O outro ficou a tomar conta do El Caracol e fizemos 4 mergulhos com estes magníficos seres. Ouvimos os seus cantos, vimos a doçura e a leveza dos seus movimentos, constatámos a imponência do seu tamanho e assim ficou gravado nas nossas memórias.

Os restantes dias foram passados na companhia de novos amigos numa baía a Sul de Providenciales e à espera de bom tempo para rumar às Bahamas.

Na última tarde ancorámos dentro de uma marina abandonada em West Caicos, sempre poupávamos umas milhas de travessia no dia seguinte e foi a primeira vez que o El Caracol ficou numa marina. Este insólito só foi possível porque um qualquer milionário não gostou do produto final do seu mega empreendimento de luxo e assim deixou disponível um hotel, uma marina e muitas outras acessibilidades, às gaivotas e animais que por ali habitam. E a alguns velejadores que de vez em quando se aproveitam da situação ☺